Um tribunal em Bitola, uma cidade no oeste da Macedônia, considerou um urso culpado por acusações de arruinar o apiário de um criador local de abelhas. O tribunal decretou que o animal pague indenização de cerca de US$ 3 mil. Já que ursos não costumam levar dinheiro com eles, o governo terá de cobrir o prejuízo. O advogado do governo anunciou que não apelará do montante da indenização.
Ao longo do último ano, o urso adquiriu o hábito de atacar o apiário de Zoran Kiseoloski, esmagando colméias e comendo o mel. Já que o animal está sob proteção do governo, o apicultor estava impedido de usar a força para impedir os danos. Além disso, porque seu apiário fica nas colinas, longe da cidade, ele não podia estar sempre lá para protegê-lo.
Inicialmente, o apicultor seguiu o conselho de um amigo e instalou luzes brilhantes e alto-falantes, que ele deixava ligados à noite para manter a ursa fora de sua propriedade. Por alguns semanas, o barulho de um ritmo conhecido como "turbo-folk", adorado por muitos e odiado por muitos outros, assustou a ursa a ponto de mantê-la longe. Isso fez do apicultor uma celebridade, e histórias sobre a sua batalha contra a ursa chegaram às primeiras páginas da imprensa nacional.
Infelizmente, as baterias se esgotaram e a música parou, o que permitiu que a ursa voltasse e arruinasse o apiário. O apicultor teve, por fim, de transferir sua fábrica de mel.
O veredicto judicial parece ser uma importante vitória para os apicultores que sofreram experiências semelhantes. Alguns deles tentaram processar o governo, mas dizem que os tribunais não se mostraram muito efetivos na condução de casos como esses. Testemunhos de especialistas são supostamente necessários para provar que os danos foram mesmo causados por um urso e não por outro animal (que não viva sob proteção governamental), e os queixosos não obtiveram muito sucesso em provar que ursos são sempre culpados.
Um apicultor alegou que havia assistido a um ataque de dois ursos adultos a um apiário, assistido por dois ursinhos. Ele disse que nada pôde fazer além de olhar enquanto os animais comiam todo o mel.
Ao longo dos últimos anos, o número de ursos está em alta na porção oeste, mais montanhosa, da Macedônia. O parque nacional de Pelister, hoje conhecida como Bitola, agora abriga mais de 25 ursos, o dobro da população existente há alguns anos. Isso se deve em parte à eficiência do governo na prevenção a caçadas ilegais.
No entanto, alguns dos cerca de 300 ursos que vivem na Macedônia são provavelmente migrantes - ou mais precisamente refugiados - da Bósnia. Eles fugiram das cordilheiras elevadas bósnias nos anos 90, assustados com as explosões e a violência da guerra. Muitos deles se encaminharam ao norte, para a Eslovênia, mas alguns optaram pelo sul. Testemunhas dizem que os ursos refugiados se comportavam de modo diferente, no passado, possivelmente como resultado de traumas. Eles chegavam perto de uma aldeia e ficavam sentados observando o movimento, um comportamento incomum para um urso saudável.
Na Eslovênia, que se tornou exportadora de ursos para outros países da União Européia, animais que causem danos sérios são caçados e abatidos. Mas o urso macedônio passou quase ileso em seu julgamento, na opinião de muitos, e deve estar hibernando em algum lugar perto de Pelister. Em breve, ele terá de dançar conforme a música uma vez mais.
O governo macedônio pode não apelar da sentença, mas os apicultores continuam a enfrentar problema. Os ursos costumam atacar colméias estejam ou não com fome. Ao que parece, não conseguem resistir a um gosto de mel.
Fonte: Herald Tribune
http://noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI2702011-EI1141,00.html
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